
Um primeiro passo para quem quer discutir juventude no Brasil é identificar de qual juventude estamos falando. Falar deste grupo pode parecer uma tarefa fácil, uma vez que o termo é corrente no nosso vocabulário e tem uma definição no senso comum. Convivemos com jovens e somos jovens e temos nossas opiniões e respeito das características, das questões, dos problemas ou das virtudes da juventude. Convivemos diariamente com instituições que disseminam impressões sobre quem são e como vivem moças e rapazes.
Com freqüência, a imagem dos jovens é permeada por estereótipos e por um conjunto de idéias bastante contraditórias sobre a vivência da condição juvenil. É comum, por exemplo, comerciais e propagandas explorem a imagem da juventude, associando os sujeitos jovens à saúde, ao desprendimento, à liberdade e à espontaneidade. Por outro lado, nos noticiários da TV, podemos observar uma percepção bastante negativa dos jovens, ao desvio, à desordem social e à violência.
Esta contradição está no fato da nossa sociedade, por um lado, ser “juventocêntrica”, aonde o jovem se tornou um modelo cultural valorizado e consumido por todos, estejam nessa condição ou não. Por outro, quando estamos falando de jovens concretos e reais, percebemos a existência de preconceito e estereótipos que são reiterados em diferentes espaços. Um exemplo é a idéia de irresponsabilidade e imaturidade visivelmente difundida para falar do conjunto de jovens, enquanto que, a violência e o desvio são estigmas que recaem para grupos específicos da população. De maneira inaceitável grande parte deste contingente geracional vive em grave processo de exclusão social. Senão vejamos:
· 11,7 milhões de jovens vivem em famílias que não tem condições para satisfazer suas necessidades básicas. (PNAD, 2003);
· 1,3 milhões de jovens são analfabetos. (PNAD, 2003);
· 4,5 milhões de jovens não trabalham e nem estudam. (PNAD, 2003);
· 40% dos jovens brasileiros em famílias sem rendimento ou até1/2 salário mínimo. (IBGE, 2000);
· A cada 2 desempregado no Brasil, 1 é jovem (somente 35% têm carteira assinada);
· O desemprego entre os jovens é 3,5 mais elevado que entre os adultos;
· O desemprego atinge mais intensamente os jovens negros e mulheres;
· 2/3 da população carcerária do Brasil é de jovens;
· A cada 10 jovens somente 6 são estudantes;
· Apenas 3 a cada 10 jovens têm acesso ao ensino médio;
· Entre os que pararam de estudar 51% parou no ensino fundamental e 12% sequer ultrapassaram a 4° série;
· 8 milhões de jovens com baixa escolaridade e com cinco anos de atraso em relação série/idade;
· 3,3 milhões de jovens brasileiros não freqüentam a escola;
· Apenas 10,1% dos jovens costumam ir sempre ao cinema;
· Para os jovens, o principal problema do seu bairro é a falta de infra-estrutura. (Instituto Cidadania, 2003);
· 56,6% dos jovens não praticam atividades esportivas regularmente. (UNESCO, 2004);
· 70% dos óbitos entre os jovens se devem a causas externas evitáveis. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003);
· 40% dos jovens que morrem são vitimas de homicídios. No restante da população, essa taxa cai para 5%. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003);
· Segurança e Violência são os problemas que mais preocupam os jovens. (INSTITUTO CIDADANIA, 2003);
· 85,8% dos jovens se informam através da TV. (IBASE / POLIS, 2005);
· 77,4% dos jovens das classes D e E não sabem usar computador. Entre os jovens da classe A, essa taxa cai para apenas 12,5%. (UNESCO, 2004);
Por outro lado, a grande maioria dos Jovens continua otimista em relação ao seu Futuro e confiante no seu Potencial.
· 92% dos jovens brasileiros acham que sua vida pessoal vai melhorar nos próximos 5 anos. (INSTITUTO CIDADANIA, 2003);
· 84% dos jovens acham que podem mudar o mundo. (INSTITUTO CIDADANIA, 2003);
É a hora de reconhecermos que a juventude constitui um dos grupos mais afetados pelas desigualdades e que o Brasil acumulou uma divida social enorme com esse segmento, gerando um grande déficit de políticas que garantam direitos e oportunidades para os jovens brasileiros. A conta é alta. Mas o nosso candidatos do PDT deve lutar para que o estado pague grande parcela dessa dívida através de políticas públicas.
Fonte: Cartilha Programa Setorial de Juventude – 2013/2016